E aí, Léo Nogueira?

Em novembro último, “comemorei” — com muitas aspas — seis anos de autoimposto exílio em terras nipônicas; então, aproveito a oportunidade pra fazer um balanço destes anos. Preciso admitir que, ajudado pela solidão e pela falta de traquejo no idioma de Kurosawa, flertei com a depressão e, à guisa de terapia, fiz uso irrefreado de substâncias etílicas, que, bem ou mal, findaram por me ajudar a conceber grande parte da obra que trouxe ao mundo desde este rincão que vê o sol nascer primeiro. E, como diria Belchior, posso me considerar um sujeito de sorte, pois vivi esses pandêmicos anos longe do desgoverno que assolou meu grande paisinho. E, assim, distante — fisicamente, claro —, dei asas — de galo garnisé — a minhas “artices”.

 

No campo da literatura, tive a alegria de lançar dois romances — A Confraria dos Mascarados (2019, editora Sopa de Letrinhas) e Dia de São Nunca (2021, Kotter Editorial) — e a biografia do ex-Twister e ex-“fazendeiro” Sander Mecca — Correntes invisíveis (2022, ed. Adelante) —, uma experiência interessantíssima de escrita a quatro mãos, já que dividi com ele a autoria desse catatau. Tais trabalhos me deram ânimo pra voltar ao Brasil em duas oportunidades, protagonizar várias noites de autógrafos e matar um pouco as saudades dos amigos. Adianto ainda que, fora um romance inédito já pronto, devo flanar de novo pela terra do pau-brasil no primeiro semestre do ano que vem pra lançar meu primeiro livro de contos, Contos de interrogação, novamente pelo Sopa de Letrinhas.

 

No campo da música, recebi a distância, em 2021, o presente de ter um primeiro CD totalmente dedicado a minha obra, Um mundo em nós, produzido pelos queridos Augusto Teixeira e Leo Costa, que contou com inúmeras lindas participações. Também em 2022, Kana gravou aqui um CD chamado Mais azul que blue, só de parcerias minhas com o japonês Koichi Hiroki. E o resultado maravilhoso desses trabalhos me motivou a encarar nova empreitada, dessa feita um CD só de melodias minhas, que resolvi me dar de presente quando, dois anos atrás, comemorei meio século de existência. Novamente produzido por Augusto Teixeira e com novas e belas participações, neste trabalho, que batizei de Impostor, realizei também um de meus sonhos de menino e encarei o microfone, desafiando desafinos. E, como o céu é o limite, e desabusado que sou, resolvi aproveitar a falta de vergonha na cara que o tempo me deu e vertê-lo todo ao espanhol, repetindo o processo e convidando também amigos hispanofalantes. Assim, o que seria um CD viraram dois, que pretendo lançar aos poucos, nota a gota, uma canção por vez, pra tirar proveito lento das plataformas digitais. Por ora, é isso, mas desse nogueirístico baú-cartola sem fundo ainda pretendo tirar muitos coelhos lítero-musicais, enquanto este meu velho coração continuar batendo e apanhando, e batendo… e apanhando… e… Vai, Palmeiras!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *