O menestrel de Pedra Azul

Minhas amigas e meus amigos (grato a vocês que me acompanham), hoje comentarei o CD de
um compositor que eu admiro à distância e há tempos, Paulinho Pedra Azul. Nascido lá no Vale
do Jequitinhonha, ele permanece em Minas Gerais escrevendo poesias e letras que seus parceiros
transformam em canções.

A bem da verdade, não conheço tanto assim o seu trabalho. Lembro-me de quando ouvi a
sua “Jardim da Fantasia”*, em 2012. Arrebatou-me. Quanta delicadeza em seus versos: “Bem-
te-vi, bem-te-vi/ Andar por um jardim em flor/ Chamando os bichos de amor (…)”. Meu Deus!

Pois bem, de lá pra cá, segui atento a ele. Mas o acaso fez com que, recentemente,
participássemos de um mesmo grupo de WhatsApp, o “Uma Terra Só” (UTS), criado e liderado
pelo gaúcho Carlos DI Jaguarão. Postadas por Paulinho, ali conheci algumas de suas novas
músicas. Eis que, então, ele me enviou o seu recém-lançado álbum duplo (físico), Paulinho
Pedra Azul – Coletânea – 40 Anos de Cantoria, com 40 músicas, todas com letra dele e de
parceiros como Beto Lopes, Paulo Henrique, Toninho Horta, Cláudio Mourão, Gabriel Azzi de
Moraes, Aroldo Araújo, Luizinho Duarte, Gilvan de Oliveira e Celio Balona, dentre outros que já
citarei.

Antes de mencionar as composições, destaco o cuidado com que os mais de vinte
arranjadores, com suas refinadas expressões musicais, empenharam-se e emolduraram as
palavras de Paulinho Pedra Azul.

Ao ouvi-las, senti que ali estava um poeta de amor infinito, que, em suas diferentes
formas, está presente em cada música que canta e toca. Assim, a audição foi como arar em terra
fértil – cada enxadada, uma minhoca: 40 pujantes anelídeos, 40 letras a revelar um poeta atento
ao afeto que o define.

Basta ver alguns versos presentes no CD 1, em canções como “Além do Amor” (com
Sthel Nogueira, 1992): “Eu preciso encontrar uma luz de luar/ Para ser o clarão do seu coração”;
“As Estações do Homem” (com Marcelo Drummond, 1997): “Primeiro deixe o amor acontecer/
Para depois surgir o homem (…)”; “Certas Paixões” (com Nonato Luiz, 2002): “Certas paixões
são poemas fatais/ E as palavras não cabem no peito (…)”; ou “Declaração de Amor” (com
Clóvis Aguiar, 2004): “Eu amo você/ Quero você/ Desejo você/ Só vejo você (…)”.

E no CD 2: “O Amor e a Paz” (com Maurinho Rodrigues, 1992): “Quem me ouviu
cantar assim/ Vai saber como eu te amei (…)”; “O Passeio” (com Geraldinho Alvarenga e PPA,
1999): “(…) Quero te amar/ Te conhecer/ Pois é melhor do que sofrer (…)”; “Olha Pra Mim”
(com Juarez Moreira, 2002): “Olha pra mim e vê/ O renascer de um aprendiz do amor (…)”; ou
“Quando Vi Você” (com Marcelo Jiran, 2007): “Trago em mim agora/ A primavera que eu
sonhei pra nós (…)”.

Como a força de sua terra natal, Paulinho ajunta as palavras, e é de lá o viço que lhe
enxarca as ideias. Brilhante é o poeta que reflete toda a sua vida numa gota d`água de Pedra
Azul.

Aquiles Rique Reis
Nossos protetores nunca desistem de nós.
*https://youtu.be/gsGY2b8XD08?si=VhdqwvgTi6ddS30G

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