Os coletivos de artistas da música sempre existiram. É natural que artistas em qualquer grau de maturidade de carreira busquem uma “turma”. Os laços se dão na maioria das vezes por afinidade pessoal e artística, vão além e invadem as produções e projetos.
Digamos que no vasto palco da cultura brasileira, os coletivos artísticos surgem como protagonistas, unindo talentos e vibrando em sintonia para criar movimentos musicais que ecoam por gerações. São como sinfonias urbanas, entrelaçando sonhos e transformando realidades.
No coração dessas manifestações, encontramos o pulsar de grupos que transcendem a individualidade, tecendo redes de expressão cultural única. E, claro, quando se fala em coletivos musicais, o Brasil é um terreno fértil, onde a diversidade se transforma em sinfonia.
Se for pra citar os óbvios, podemos falar dos que foram catapultados ao status de “Movimento musical”, tamanho o volume de holofotes que atraíram e a robustez com que influenciaram gerações seguintes. É o caso da Bossa Nova, Tropicália, Mangue Beat, Jovem Guarda. Respaldados pela mídia e indústria, todo coletivo conserva pérolas que o transformaria em movimento.
O foco é verbalizar
Chamar a atenção, protagonizar, se fortalecer, há um número enorme verbos que ficam na mira dos coletivos além dos citados. Formar público, abrir caminhos, angariar fundos.
E há ainda outros tantos coletivos que surgem e desaparecem todas as semanas, além dos que se perderam no tempo.
Vamos relembrar alguns!
Clube Caiubi: A Rua que Compondo se Encontra
Um desses tesouros musicais é o Clube Caiubi, nascido na rua efervescente rua de mesmo nome. Este coletivo se revelou (e ainda se “resvela”) como um oásis de criatividade, onde compositores se encontram para tecer melodias e letras que transcendem o cotidiano, o simples padrão industrial midiático vigente e vai cutucar as molas do sistema para que saiam da inércia.
Entre goles de birita e acordes de violão, o Clube Caiubi se destaca por mais de 20 anos como uma ode à amizade e à paixão pela música, um testemunho vivo de como a harmonia pode brotar nos lugares mais simples e chamar a atenção de artistas de enorme história na música.
Enquanto tudo acontece, cada ente vai construindo suas carreiras individuais mas sempre mantendo a chama do coletivo acesa dentro do seu cerne criativo.
O Clube Caiubi ainda tem uma parceria duradoura com um Sarau de poetas e músicos que é o Sopa de Letrinhas.
Artistas brilhantes de protagonizaram diversas épocas e coletivos também fizeram parte do “Caiuba”, tais como Zé Rodrix e Tavito, assiduos frequentadores em seus últimos anos de vida.
Tropicália: A Revolução em Acordes e Cores
Em meio aos anos tumultuosos da década de 1960, o movimento Tropicália emerge como um furacão artístico, encabeçado por um coletivo que desafiou as convenções da época. Caetano Veloso, Gilberto Gil, Os Mutantes e outros visionários se uniram para criar uma fusão revolucionária de música, poesia e arte visual.
O Tropicalismo não era apenas um movimento, era uma celebração da identidade brasileira, uma reação audaciosa contra a ditadura que abalou estruturas e lançou as bases para a música brasileira contemporânea.
Manguebeat: Nas Águas Revoltas de Recife
Nas águas revoltas do Recife, surge o Manguebeat, um movimento que transcendeu o gênero musical para se tornar um manifesto cultural. Chico Science & Nação Zumbi, Mundo Livre S/A e outros artistas se uniram para criar uma sonoridade única, mesclando tradições regionais com influências globais. O Manguebeat não era apenas música; era uma resposta ousada à marginalização social e uma celebração da riqueza cultural do Nordeste brasileiro.
Favela Sound: Batuque que Ecoa Resistência
Nas vielas das favelas, onde a vida pulsa com intensidade, surgem coletivos como o Favela Sound. Mais do que apenas um grupo de músicos, é uma narrativa de resistência, transformando experiências cotidianas em ritmos que ecoam a voz das comunidades. O funk carioca, o rap e outros estilos nascem desses coletivos, tornando-se um fenômeno cultural que transcende fronteiras e inspira gerações.
Clube da Esquina para o mundo
O Clube da Esquina, como um farol irradiante no cenário musical mineiro, emerge como um testemunho vibrante da riqueza cultural do estado de Minas Gerais. Este movimento, nascido na efervescente década de 1960, não é apenas uma expressão musical, mas um abraço caloroso que Minas oferece ao mundo.
Sob a liderança visionária de nomes como Milton Nascimento e Lô Borges, o Clube da Esquina transcendeu fronteiras e gêneros, dando vida a uma fusão única de influências que vai desde o rock até a música regional.
Com letras poéticas que capturam a essência da vida cotidiana e melodias que ecoam como um convite à celebração, o Clube da Esquina é mais do que um movimento musical; é um testemunho da habilidade mineira de transformar a diversidade em harmonia, iluminando os corações e ouvidos de todos que se deixam envolver por suas sonoridades inspiradoras.
Uma Terra Só, um linda novidade
Dentre os mais recentes, certamente precisamos destacar o Coletivo de artistas independentes , Uma Terra Só. Criado pelo compositor Carlos Di Jaguarão , em 13 de fevereiro de 2023 . Atualmente conta com quase 700 integrantes , distribuídos nos grupos de Watss App de Chat e Mural Informativo.
Participam grandes nomes da Música Brasileira e Internacional . Também mais de 300 Meios de Comunicação , Revistas Eletrônicas , Programadores nacionais e Internacionais . Dentre as finalidades principais está a divulgação da boa música brasileira e Internacional , através dos Meios Parceiros e intercâmbios culturais , entre artistas de diversas regiões e países .
O Coletivo é apolítico , focado somente em música , arte , poesia , distribuição e Intercâmbios Culturais . Tudo desenvolve – se entre os integrantes do Coletivo de forma virtual . Alguns especiais com integrantes do Coletivo têm alcançado boa audiência a nível mundial , como os especiais de rádios webs do Japão , Portugal , Itália , Perú e outros Países . A nível nacional os apresentados pelas Rádios webs de São Paulo , Belo Horizonte e outros estados.
Uma Terra Só busca condensar aspirações de diversos coletivos anteriores, buscando visibilidade para as obras através da busca de canais que abarquem os ideais de que uma música em constante ebulição no caldo cultural brasileiro.
Finalizando a Ode ao Coletivo
Esses coletivos artísticos no Brasil não são apenas grupos musicais; são movimentos que desafiam, transcendem e transformam. São o eco de vozes unidas, o som de mentes criativas que ousam sonhar juntas.
No Brasil, a música não é apenas uma melodia, é a trilha sonora de coletivos que, com paixão e ousadia, moldam o tecido cultural do país. Em cada acorde, em cada verso, uma história é contada, e é através dessas histórias que o Brasil se revela como uma terra onde a arte floresce coletivamente.